segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Uma Informação por Favor?


Quando eu era criança, bem novinho, meu pai comprou o primeiro telefone da nossa vizinhança.  Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na cômoda da sala. Eu era  pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado enquanto minha mãe falava com  alguém. Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa  legal. O nome dela era "Uma informação, por favor" e não havia nada que ela não soubesse. "Uma informação, por favor" poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa. Minha primeira experiência com esse gênio-na-garrafa veio um dia em que minha mãe estava  fora, na casa de um vizinho. Eu estava na garagem mexendo na caixa de ferramentas quando bati em meu dedo com um martelo. A dor era terrível mas não havia motivo para chorar, uma  vez que não tinha ninguém em casa para me oferecer a sua simpatia. Eu andava pela casa,  chupando o dedo dolorido até pensei: o telefone!

Rapidamente fui até o porão, peguei uma pequena escada que coloquei em frente à cômoda da  sala. Subi na escada, tirei o fone do gancho e segurei contra o ouvido. Alguém atendeu e eu  disse "Uma informação por favor". Ouvi uns dois ou três cliques e uma voz suave e nítida falou  em meu ouvido. "Informações". "Eu machuquei meu dedo...", disse, e as lágrimas vieram  facilmente, agora que eu tinha audiência. "A sua mãe não está em casa?", ela perguntou. "Não  tem ninguém aqui...", eu soluçava. "Está sangrando?" "Não", respondi. "Eu machuquei o dedo com  o martelo, tá doendo..." "Você consegue abrir o congelador?", ela perguntou. "Eu respondi que  sim." "Então pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo", disse a voz. Depois daquele dia, eu ligava para "Uma informação, por favor" por qualquer motivo. Ela me  ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava a Philaddelphia. Ela me  ajudou com os exercícios de matemática. Ela me ensinou que o pequeno esquilo que eu trouxe do  bosque deveria comer nozes e frutinhas. Então, um dia, Petey, meu canário, morreu. Eu liguei  para "Uma informação, por favor" e contei o ocorrido. Ela escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo. Mas eu estava inconsolável. Eu perguntava: "Por que é que os passarinhos cantam tão lindamente e trazem tanta alegria pra gente para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola? Ela deve Ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente. "Paul, sempre lembre que existem outros mundos onde a gente pode cantar também..." De alguma maneira, depois disso eu me senti melhor.
No outro dia, lá estava eu de novo. "Informações.", disse a voz já tão familiar. "Você sabe 
como se escreve "exceção?" Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao norte do Pacífico. Quando eu tinha 9 anos, nós nos mudamos para Boston. Eu sentia muita falta da minha amiga.  "Uma informação, por favor" pertencia àquele velho aparelho telefônico preto e eu não sentia  nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho que ficava na nova cômoda na  nova sala. Conforme eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca saiam da minha  memória.Frequentemente, em momentos de dúvida ou perplexidade, eu tentava recuperar o sentimento  calmo de segurança que eu tinha naquele tempo. Hoje eu entendo como ela era paciente, compreensiva e gentil ao perder tempo atendendo as  ligações de um molequinho. Alguns anos depois, quando estava indo para a faculdade, meu avião teve uma escala em Seatle. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos. Falei ao  telefone com minha irmã, que morava lá, por 15 minutos.
Então, sem nem mesmo sentir que estava fazendo isso, disquei o número da operadora daquela minha cidade natal e pedi: "Uma informação, por favor". Como um milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo: "Informações." Eu não tinha planejado isso, mas me  peguei perguntando: "Você sabe como se escreve Exceção?" Houve uma longa pausa. Então, veio  uma resposta suave: Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paul." Eu ri. "Então, é voce mesma!",  eu disse. "Você não imagina como era importante para mim naquele tempo." "Eu imagino", ela  disse. "E você não sabe o quanto significava para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos e  ficava esperando todos os dias que você ligasse". "Eu contei para ela o quanto pensei nela todos  esses anos e perguntei se poderia visitá-la quando fosse encontrar a minha irmã. "É claro!", ela  respondeu. "Venha até aqui e chame a Sally." Três meses depois eu fui a Seatle visitar minha  irmã. Quando liguei, uma voz diferente respondeu: "Informações." Eu pedi para chamar a Sally. "Você é amigo dela?", a voz perguntou. "Sou, um velho amigo. O meu nome é Paul." "Eu sinto muito, mas a Sally estava trabalhando aqui apenas meio período porque estava doente.  Infelizmente, ela morreu há cinco semanas." Antes que eu pudesse desligar, a voz perguntou: 
"Espere um pouco. Você disse que o seu nome é Paul?" "Sim" "A Sally deixou uma mensagem para  você. Ela escreveu e pediu para eu guardar caso você ligasse. Eu vou ler para você".

A mensagem dizia: "Diga a ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar também. Ele vai entender." 

Eu agradeci e desliguei. Eu entendi...

NUNCA SUBESTIME A "MARCA" QUE VOCÊ DEIXA NAS PESSOAS.

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